Meu amigo Pavão, que é pouca coisa mais velho do que eu, quer ver a próxima passada do cometa Halley. Em 2.061. Também quero estar presente, mas sou mais modesto, quero vê-lo cruzar e fim.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Meu amigo Pavão, que é pouca coisa mais velho do que eu, quer ver a próxima passada do cometa Halley. Em 2.061. Também quero estar presente, mas sou mais modesto, quero vê-lo cruzar e fim.
sábado, 20 de dezembro de 2008
HARLEM, CASA DOS OUTROS E NOSSA TAMBÉM
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
ÚLTIMOS ROMÂNTICOS
Ronaldo Mota
A pretensão do título é idêntica a achar que romântico é sempre bom. Nem sempre, embora os românticos sempre assim entendam. Portanto, é sim pretensão e é parte inexorável do romantismo.
Ronaldo Mota é professor titular em física da Universidade Federal de Santa Maria, pesquisador do CNPq, assessor especial do Ministro no Ministério de Ciência e Tecnologia, tendo sido secretário executivo do Conselho Nacional de Educação, secretário de Educação a Distância e secretário de Educação Superior no Ministério da Educação.
Ronaldo Mota
Evitando fazer premonições sobre o que virá, é menos rancoroso pensar o que já foi. Talvez ajude a pensar que na época os pais e avós também não entenderam. Portanto, quem sabe a gente não esteja entendendo e algo possa estar ocorrendo e nos fugindo aos olhos.
Em resumo, os aspectos libertários, a luta pela paz, a pregação da fraternidade e fim das fronteiras, a aversão a todas as formas de opressão deixaram mais do que saudades, deixaram um sentimento de vazio imenso nas décadas que se seguiram. Nas artes suas contribuições foram fantásticas, do rock, blues e folk no cenário internacional, aos movimentos nacionais que se seguiram como bossa nova, jovem guarda e, especialmente, o tropicalismo. Na literatura e nas artes dramáticas esse período deixou marcas profundas e muito positivas.
Ronaldo Mota
As discussões envolvendo educação superior e políticas afirmativas são complexas e as opiniões, mesmo que opostas, são, respeitáveis e compreensíveis. O que não impede que as mais arraigadas e definitivas posições, em geral, reflitam mais características de paixão, preconceito e, por vezes, ignorância do que, de fato, convicção assentada em conceitos e dados científicos e confiáveis.
Se não bastassem as variáveis que o tema envolve, é muito mais fácil comprovar a existência de racismo, enquanto comportamento social, a garantir base científica que assegure o conceito ou critério inequívoco de raça. Ou seja, embora não existam dúvidas sobre a existência de racismo, ainda restam indagações científicas relevantes sobre conceitos e critérios de raça.
Assim, mais do que raça propriamente, o que existem são grupos sociais, compostos por pessoas com histórias em comum, que ao se identificarem entre si por algumas semelhanças, por terem vivenciado experiências conjuntas, compartilhado valores, cultura, hábitos e costumes, podem, ou não, expressar tal identidade tanto na cor da pele como em fenótipos.
Creio que seja baseado em tais elementos, mais do que em árvores genealógicas por testes de DNA, que as pessoas, ao responderem aos entrevistadores do IBGE, se auto declaram brancas, pardas, negras, amarelas ou indígenas.
Há em curso no Brasil conjunto de políticas afirmativas variadas, cotas ou bônus, viés social ou racial. Todas com característica em comum: até onde pudemos identificar, elas apresentam, sem exceção, bons resultados. Algumas alternativas parecem gerar melhores e mais rápidos resultados, no que diz respeito a acesso e sucesso, outras mais lentas, mas nenhuma experiência claramente inócua ou negativa. Ou seja, estudantes ingressos via qualquer desses sistemas têm demonstrado rendimentos acadêmicos iguais ou melhores, quando comparados com seus próprios colegas de turma.
Além disso, por mais que se anuncie a ocorrência de incremento de racismo no ambiente educacional devido à implantação dessas políticas, tal fenômeno está longe de ser observado. Se ocorrem manifestações, elas têm sido pontuais e em níveis inferiores àqueles presentes em outras esferas da sociedade.
Acerca do sucesso dessas políticas afirmativas, é provável que a correlação estabelecida entre todas experiências talvez evidencie e reflita algo predominante nelas: o enorme exército de jovens intelectualmente talentosos e socialmente desfavorecidos, de variadas cores e origens, os quais temos sistematicamente desperdiçados na educação. São pessoas com competência, criatividade, vocação e vontade de estudar que nos acostumamos a, através de filtros predominantemente econômicos, excluir e que, tendo oportunidade, a ela se apegam e evidenciam seus talentos.
A proposta apresentada pelo Executivo Federal (Reforma Universitária), em discussão no Congresso Nacional, tem alguns méritos: estabelece metas com prazos, trabalha com o conceito de “sem prejuízo acadêmico” e permite, dentro de certos limites, que cada instituição, a partir de sua autonomia, monitore a aplicação de seus próprios modelos. Metas são estabelecidas, sem abrir mão de conceitos relevantes de políticas afirmativas e de respeito e estímulo à autonomia das universidades, desde que todas as instituições, ao longo de um tempo com horizonte definido, cumpram com objetivos bem delimitados.
Tendo a aceitar todas as posições com naturalidade, no entanto, confesso minha dificuldade em entender a insensibilidade em saber que no curso de medicina da Universidade Federal da Bahia, antes das cotas, praticamente não havia negros ou pardos e que na Universidade Federal do Ceará no curso de arquitetura eram, ou ainda são, raros os estudantes egressos de escolas públicas.
Tão pretensamente brancas eram nossas universidades, especialmente as públicas, que certa vez um dirigente, deixando escapar, talvez de orgulho, indagou-me: o senhor já reparou que quase não temos negros? Ao que respondi: que pena, dado que está mais do que comprovado que quanto maior a diversidade étnica melhor a qualidade de qualquer atividade humana, especialmente em educação e na produção de ciência, tecnologia e inovação. Além disso, provoquei: deve faltar alegria, arte e criatividade no espaço. Nem sei se o compreendo direito e muito menos se ele me compreendeu.
Ronaldo Mota
No ano passado realizei um sonho: nadar entre piranhas e jacarés. Foi no Pantanal, no Instituto de Pesquisa do Pantanal, IPPAN, bem no meio daquela região única no planeta, a maior região alagável do planeta.
Trata-se de uma biodiversidade maior do que a encontrada na região amazônica (incrível!). Mesmo assim, com tanta biodiversidade, é um ecosistema tremendamente frágil, preocupante. Aquilo que parece tão rico e forte, às vezes, evidencia-se merecedor de todo cuidado, uma delicada e preciosa peça.
Na verdade, nós precisamos nos preocupar com sua preservação, ainda que, em alguns momentos, como aqui relato, somos nós que, momentaneamente, nos preocupamos com nossa preservação imediata no meio daquela espantosa e admirável diversidade animal e vegetal da região.
É possível (ainda que perigoso) nadar entre piranhas e jacarés. É preciso cautela e técnica. Primeiramente algumas regras básicas: se entrar muito ligeiro na água, elas, as piranhas, não titubeiam, atacam. Se ficar muito tempo parado, estático, idem. Assim, com relação a “elas”, o segredo é o movimento constante e lento.
Evitado o perigo das piranhas, o segundo obstáculo é o jacaré. Em geral, sem problemas, desde que não seja a jacaré fêmea e tenha filhotes por perto. Dá para saber, mas é importante que isso seja percebido quando você está a uma distância que dê para recuar, senão....
Por fim, suponhamos que piranhas e jacarés estejam resolvidos, aí vale o alerta do pantaneiro, conhecedor profundo da casa, cuidado com quem você deve mesmo ter cuidado: as arraias. Estas sim, ficam paradinhas, você nem desconfia, elas não são de fazer muita algazarra, mas se o ferrão entra, sangra e você se descontrola e o sangue e o barulho despertam os demais. Aí, ferrão acrescido de piranhas e jacarés, está feito o crime.
Passadas todas as instruções, agora é coragem e nadar sem medo, lembrando de arrastar os pés no fundo, evitando assim, as arraias e seus ferrões. Depois de um tempo, fica-se tão confiante que o risco passa a ser esquecer as regras.
Anoitece no Pantanal, feita a bravura da vida, cheio de coragem, resta retornar a Brasília, onde não há jacarés, nem piranhas, o que dirá arraias. Onde se pode deslocar sem medo, até com barulho. Se quiser ficar quieto, tudo bem. Jacaré não tem cria e arraia não tem ferrão. Aí, não sei por que, tenho cada vez mais medo e aconselho não entrar na água, por precaução.
Que venha o Carnaval
Ronaldo Mota
Poucos sabem que o Carnaval é marcado pelo Igreja. Mais do que isso, sendo de certa forma uma festa legitimamente cristã. É um período de festa regido pelo ano lunar que tem suas origens na antiguidade e recuperada pelo cristinaismo, que começava no dia de Reis (Epifania) e acabava na quarta-feira de cinzas, às vésperas da Quaresma.
Tratava-se dum adeus à carne, ou o que é mais aceito é que a palavra "Carnaval" decorre da expressão carne levare, ou seja, afastar a carne, uma espécie de último momento de alegria e festejos profanos antes do período triste da Quaresma.
Na sua versão mais moderna, o Carnaval de desfiles e fantasias vem da sociedade vitoriana do século XIX, quando as cidades de Paris e Veneza eram o Rio de Janeiro da época. Sendo sincero e para desgosto dos brasileiros, pode-se disser que o Rio de Janeiro, bem como Nova Orleans nos Estados Unidos, se inspiraram no Carnaval francês para implantar suas novas festas carnavalescas.
Em Roma havia uma festa, a Saturnália, em que um carro no formato de navio abria caminho em meio à multidão, que usava máscaras e promovia as mais diversas brincadeiras.