domingo, 15 de março de 2009

















ODE À REBELDIA


Acho a vitória tão inglória,

é tão grande a minha mágoa

que, mesmo vencedor, ajoelho-me

e rogo aos vencidos que me perdoem.

Não seja minha mão pesada

ato capaz de submeter-vos;

o argumento de minha alegria

é sim motivo de meu pesar,

causa de minha tristeza.

Ah, pobre de mim,

ser vencedor e padecer no trono,

é dar força ao inimigo

que na surdina se encontra

e no dia a dia se avoluma

e ganha forças

e ser um dia,

que pouco importa quando chegue,

ser por fim um vencedor;

como eu,

ah, pouco importa,

e depois mofar no trono.

Não, não quero nunca ser rei,

muito menos seus súditos,

nem dominador, nem dominados;

serei rebelde, eternamente rebelde,

iconoclasta,

contra o poder e avesso aos donos, sem freios.

Viva a rebeldia,

abaixo as elites efêmeras.

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