quinta-feira, 18 de dezembro de 2008








Saudades dos hippies


Ronaldo Mota





Neste período de vestibular nossas ruas parecem ter mais jovens do que já os temos em abundância em tempos normais. Não há dúvidas de que parte de nossas críticas e incompreensões aos jovens traduzem um pouco de inveja da juventude já partida.
Evitando fazer premonições sobre o que virá, é menos rancoroso pensar o que já foi. Talvez ajude a pensar que na época os pais e avós também não entenderam. Portanto, quem sabe a gente não esteja entendendo e algo possa estar ocorrendo e nos fugindo aos olhos.


Falando do passado, o movimento hippie é, sem dúvida, um capítulo à parte. Refere-se a um movimento que teve seu ápice no decorrer da década de 1960 e começo da década de 1970. Caracterizou-se por algo denominado genericamente de contracultura. Os hippies, juntamente com os grupos de esquerda e os movimentos pelos direitos civis e contra a guerra confundiram-se, às vezes, dando cores variadas a aquele período.


Particularmente, os hippies eram jovens, na sua imensa maioria na faixa da adolescência ou de adultos na casa dos vinte anos. Fortes críticas aos valores das classes médias, em geral suas classes de origem, foram marcas fortes. A liberação sexual, impulsionada pelo livre acesso às pílulas anticoncepcionais, foi uma marca registrada daqueles anos. A vida em comunidade trazia marcas de movimentos quase religiosos.
Em resumo, os aspectos libertários, a luta pela paz, a pregação da fraternidade e fim das fronteiras, a aversão a todas as formas de opressão deixaram mais do que saudades, deixaram um sentimento de vazio imenso nas décadas que se seguiram. Nas artes suas contribuições foram fantásticas, do rock, blues e folk no cenário internacional, aos movimentos nacionais que se seguiram como bossa nova, jovem guarda e, especialmente, o tropicalismo. Na literatura e nas artes dramáticas esse período deixou marcas profundas e muito positivas.





Essas lembranças servem para termos uma dimensão do que a juventude é capaz e um pouco, somente um pouco, nos dar uma leve tristeza quando nos tempos atuais não conseguimos detectar iniciativas parecidas, em que pesem as mesmas guerras, as mesmas opressões, os mesmos vazios culturais etc. As lembranças nos ajudam a ter esperanças de termos, quem sabe, um amanhã que nos relembre o passado, não tão longuinho assim.


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